sexta-feira, 1 de março de 2019

Banalização da esmola

Não sei o que está acontecendo nesses últimos tempos mas a cada quarteirão que passo, tem 3 ou 4 pedintes, dos mais variados gêneros possíveis (idosos, crianças, deficientes e jovens adultos sem nenhum problema aparente).
Sempre fui muito observador e percebia que antes as pessoas pediam esmola já nas últimas, quando não tinha pra onde correr, ou pedia ou morria. E isso era extremamente vergonhoso, humilhante. A pessoa que pedia se sentia a escória da sociedade, se sentia suja.
Já hoje o perfil é um tanto diferente, algumas pessoas fizeram disso uma profissão, acharam este caminho mais fácil e embarcaram nessa jornada. Ser pedinte virou moda, e a pessoa que não ajudar é xingada até a quinta geração. Há ainda os que ajudam para se livrar logo da amolação que é ficar ouvindo histórias, muitas vezes mentirosas.
Só no meu dia a dia, conheço 3 casos de pessoas aparentemente aptas a produzir algo que simplesmente acham mais simples (ou mais rentável) pedir ajuda.
O primeiro é de uma senhora que encontro às vezes quando vou almoçar. É uma senhora sempre bem vestida, arrumada, que senta em um banco de praça e aborda o povo que passa pedindo ajuda para almoçar ou para comprar algum remédio. Este caso talvez seja aceitável, pois acredito que ela deva ser aposentada mas seu aposento não cobre as despesas e ela sem ter muito o que fazer apela para esse tipo de ajuda.
O segundo é uma senhora que há algum tempo pede esmolas pelas ruas da cidade onde moro. Sempre com a mesma roupa surrada, sempre com o cabelos e unhas bagunçados. Quem vê pela primeira vez pensa se tratar de alguém muito sofrido e ajuda. Porém os mais antigos, que conhecem a história dela sabem que ela é bem de vida, possui vila de casas de aluguel e pede esmolas sabe-se lá o porque.
E o terceiro caso é o mais repugnante, uma moça jovem (creio que deva ter uns 30 anos) que vive pelos ônibus pedindo ajuda para cuidar dos filhos que moram em uma cidade interiorana, que não tem ajuda dos pais nem marido. Comecei a acompanhar essa história há alguns anos e no começo o discurso era: "pessoal, me ajuda, sou da cidade tal, tenho 5 filhos, não tenho marido nem pais pra me ajudar e bla, bla, bla". Isso com duas crianças pequenas do lado, uma no colo e outra na barriga. Hoje a história é: "pessoal, me ajuda, sou da cidade tal, tenho 8 filhos, não tenho marido nem pais pra me ajudar e bla, bla, bla". Se apresentando da mesma forma, duas crianças do lado, uma no colo e outra na barriga. O erro dessa é que depois de pedir ajuda, senta no fundo do ônibus e começa a conversar e falar ao telefone (vejo ela sempre em sua última viagem, voltando para casa). Nessas conversas ela deixa escapar que os outros filhos estão com a mãe, fala com o marido ao telefone dizendo que vai demorar um pouco, pra ele não ficar com ciúmes e certa vez falou o que comprova minhas teorias: "Não vou fazer faxina porque não dá dinheiro, pedindo nos ônibus tiro de 150 a 200 reais por dia". A fdp ganha mais do que metade da blogosfera e ainda paga de coitadinha sofrida.
Enfim, fica o registro de como está a situação em 2019 no Brasil...

4 comentários:

  1. Olá IcD,

    Há alguns anos eu até dava dinheiro. Só que vi que isso estava virando "profissão" e não dou mais nada. Aqui na minha cidade é do jeito que você relatou no texto.

    Abraços!

    ResponderExcluir
  2. Dou dinheiro para o médico sem fronteiras e fico com a consciência limpa

    Abs

    ResponderExcluir
  3. Bom dia!
    Boa observação, não dou esmola para ninguém mais, porque isso virou profissão praticamente.

    ResponderExcluir
  4. Realmente é algo que muitas vezes toca.. ainda mais quando pede algo para comer.

    Mas é um a cada esquina... se estiver em SP, isso pior muito! Enfim.. acredito que é reflexo dessa última nossa recessão...

    ResponderExcluir